Região de Visconde de Mauá, na Serra da Mantiqueira,
é um convite a viver em harmonia com a natureza
Rua do comércio e gastronomia na Vila de Maringá: agitação e convívio de turistas |
Por Jorge Massarolo*
A vida segue calmamente pela principal rua da Vila Visconde de</IP> Mauá, no alto da Serra da Mantiqueira. Às vezes no trote de um cavalo, ou então, na marcha lenta de um carro carregado de turistas. Em plena tarde calorenta, o sol a pino ressalta a pintura verde das matas ao fundo, em contraste com o azul puro do céu.
O tempo parece realmente não querer avançar e aquela preguiça de não fazer nada, apenas contemplar a natureza, me deixa imóvel na cadeira. A calmaria da tarde só é quebrada pelo burburinho de vozes vindas do interior do restaurante onde estou na varanda, refugiado do sol. Um cachorro dorme sossegado ao lado da cadeira.
Estamos na Região de Visconde de Mauá (RVM), na divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais, entre os municípios de Resende, Itatiaia e Bocaina de Minas. Região turística formada pelas vilas de Visconde de Mauá, Maringá e Maromba, e muito conhecida por sua exuberante natureza, inúmeras cachoeiras, rios de água gelada, e um povo acolhedor e hospitaleiro.
Paisagem a caminho da Vila Visconde de Mauá: natureza exuberante |
Essa mistura de clima de montanha, fartura de riachos cristalinos e a tranquilidade típica de vilarejos rurais foi o principal atrativo, na década de 70 e 80, de hippies, que ali criaram comunidades alternativas. Na sequência, muitos artistas e cantores viveram períodos na região em busca de elevação espiritual e mística, tornando a região conhecida no País.
Um dos personagens mais famosos da RVM e que até hoje é lembrado pelos moradores locais, é o escritor e psiquiatra Roberto Freire, que criou a técnica terapêutica denominada somaterapia. Freire, morto em 2008, tinha uma casa no alto da Maromba e para lá levava grupos onde praticava sua terapia, que consistia na articulação entre o trabalho corporal e a linguagem.
Rua principal da Vila Visconde de Mauá: tranquilidade e boa gastronomia
Hoje, as comunidades não existem mais. Os hippies de outrora agora são donos de pousadas ou já se aposentaram, mas a natureza continua exuberante. São 69 cachoeiras cadastradas e outras 130 “não oficiais”. A mais conhecida e procurada pelos turistas é a do Escorrega, que leva este nome porque permite escorregar por sua queda sentado, em pé ou deitado. E tem a Véu da Noiva, Santa Clara, Alcantilado, Poção da Maromba e mais algumas dezenas. Conhecê-las envolve passeios de algumas horas ou dia inteiro, e a na maioria das vezes é aconselhável ir com um guia. A Remorini Turismo e Aventura oferece vários roteiros e guias especializados para conhecer estes locais.
Depois desse preâmbulo, e com o sol se escondendo atrás da montanha, partimos da Vila de Visconde de Mauá em direção à Vila de Maringá. São poucos quilômetros feitos em estrada cheia de curvas. Pode-se dizer que a Vila de Maringá é o “centro nervoso” da região. Na estreita rua principal turistas fazem compras em lojas de artesanato, de produtos típicos da região, restaurantes e bares. É um centro de convivência simpático e democrático. E se quiser fazer compras em Minas ou apenas passear, basta atravessar uma “pinguela” sobre o Rio Preto que você estará na Vila Maringá de Minas.
Cachoeira do Escorrega, cartão-postal de Visconde de Mauá
Mesmo com a presença dos turistas, os moradores mantém seu ritmo de vida. Em pleno “calçadão” da vila, um senhor beirando seus 50 anos senta no banquinho de madeira e durante muito tempo tenta sintonizar uma estação em seu rádio portátil, que não é pequeno. O chiado e o barulho da interferência ecoam pela rua, mas ninguém se importa, muito menos ele.
Da Vila de Maringá partimos em direção à nossa pousada, a Casa Bonita, que fica no alto da estrada da Maromba. No trajeto, que agora altera estrada asfaltada com muitos trechos de terra esburacados, passamos pela Vila de Maromba, reduto original dos hippies e também repleta de pousadas, restaurantes, bares e comércio.
Cachoeira Véu da Noiva
Ali encontro um hippie montando sua bancada de pulseiras, correntes, anéis etc. Pergunto se ele é nativo. Não, ele é um mineiro que morava em Ribeirão Preto e agora está há um ano em Mauá. “Aqui é bom, mas faz muito frio”, diz. Em compensação, ressalta a qualidade de vida, a beleza da região e a comida farta. “É só jogar o anzol no Rio Preto que você pega trutas enormes”, conta.
Por fim, chegamos à Casa Bonita, uma bonita pousada, com confortáveis chalés e suítes. É hora de descansar porque a Região de Visconde de Mauá tem muito a oferecer no dia seguinte.
Região oferece 130 opções de hospedagens a turistas
Vista da casa sede da Pousada Casa Bonita
A Região de Visconde de Mauá tem uma grande variedade de pousadas, hotéis e hostels que atendem todos os tipos de gostos. É só escolher a que melhor agrada aos olhos e ao bolso. De acordo com a Associação Turística e Comercial da Região de Visconde de Mauá (Mauatur) são 130 unidades e quase todas ficam lotadas nos feriadões. Escolhemos ficar na Pousada Casa Bonita, no Alto da Estrada da Maromba. Com 13 chalés (3 duplos) e 3 suítes (1 dupla) espalhados em meio a uma vasta área verde, ela oferece luxo, conforto e uma saborosa comida mineira. Um refúgio cercado por bosques e colinas, onde o silêncio é quebrado pelo canto dos pássaros e pelo murmúrio da água que escorre pelo riacho. Um verdadeiro convite ao sossego, romantismo e ao dolce far niente. Todas as unidades são equipadas com lareira e, algumas, com jacuzzi.
Região oferece 130 opções de hospedagens a turistas
Vista da casa sede da Pousada Casa Bonita
A Região de Visconde de Mauá tem uma grande variedade de pousadas, hotéis e hostels que atendem todos os tipos de gostos. É só escolher a que melhor agrada aos olhos e ao bolso. De acordo com a Associação Turística e Comercial da Região de Visconde de Mauá (Mauatur) são 130 unidades e quase todas ficam lotadas nos feriadões. Escolhemos ficar na Pousada Casa Bonita, no Alto da Estrada da Maromba. Com 13 chalés (3 duplos) e 3 suítes (1 dupla) espalhados em meio a uma vasta área verde, ela oferece luxo, conforto e uma saborosa comida mineira. Um refúgio cercado por bosques e colinas, onde o silêncio é quebrado pelo canto dos pássaros e pelo murmúrio da água que escorre pelo riacho. Um verdadeiro convite ao sossego, romantismo e ao dolce far niente. Todas as unidades são equipadas com lareira e, algumas, com jacuzzi.
A pousada também tem um bosque na beira do Rio Preto, e lá colocou estratégicas espreguiçadeiras para seus hóspedes relaxarem com o barulho das águas escorrendo entre as pedras. Ali também tem uma jacuzzi a céu aberto e uma sauna. A piscina é a água gelada do Rio Negro. A casa sede da pousada dispõe de salão de estar com lareira e piano, bar e restaurante.
Experimente a deliciosa variedade de queijos, acompanhada por um bom vinho ao lado da lareira. Muitos produtos vêm da horta própria, bem como os iogurtes, pães e geleias servidos. A simpatia e hospitalidade dos funcionários é algo que anima a voltar mais vezes. Ela também fica a 800 metros da Cachoeira do Escorrega, um passeio que pode ser feito a pé.
Vista do restaurante para o bosque da pousada: boa comida e sossego
Outras opções de pousadas são a Tijupá e a Rancho das Framboesas, as duas na Estrada do Pavão. Instaladas no alto das montanhas, oferecem um visual estonteante e acomodações superconfortáveis.
COMER COM GOSTO
Interior do restaurante Gosto com Gosto, da chef Monica Rangel
A gastronomia é um prato quente a ser sorvido com prazer na Região de Visconde de Mauá. São centenas de restaurantes que utilizam a matéria-prima local, como a truta arcoíris, conhecida como truta rosa, o pinhão, ervas e legumes locais, muitos comandados por chefs renomados, como é o caso de Monica Rangel, que há 32 anos gerencia o restaurante Gosto com Gosto, na Vila Visconde de Mauá.
Mineira de Juiz de Fora, ela e o marido Cláudio produzem todas as linguiças, doces, queijos e pães servidos no restaurante. As frutas e verduras são de horta própria adubada no sistema de compostagem. Anexo ao restaurante também funciona o Empório do Gosto, onde são vendidos produtos feitos por eles e importados, como cafés e bebidas.
No Gosto com Gosto experimentamos um filé de truta salmonada, servido com molho de alecrim e creme de leite fresco, purê de mandioca, arroz e farofa com farinha de copioba importada da Bahia. Sem palavras.
Restaurante Rosmarinus Officinalis, do chef Julio Buschinelli
Truta Visconde de Mauá
As delícias gastronômicas da serra continuam no restaurante Rosmarinus Officinalis (nome científico do alecrim), do chef Julio Buschinelli, já na estrada para a Vila de Maringá. Julio preparou um prato típico e vencedor de concursos gastrônomicos, a Truta Visconde Mauá, feito com ingredientes básicos da região, como a batata, utilizada por colonizadores alemães, a aveia, consumida pelos hippies e o capim limão e azedinha, folhas usadas em chás e saladas pelos moradores.
A maioria dos produtos são cultivados em sua vasta horta ao lado do restaurante. Paulistano, o chef se apaixonou pela região no final da década de 90 e lá montou seu restaurante, que é ponto de referência na culinária local.
SERVIÇO:
Pousada Casa Bonita
www.pousacasabonita.com.br
Restaurante Gosto com Gosto
www.gostocomgosto.com.br
Pousada Rancho das Framboesas
Pousada Tijupá
Restaurante Rosmarinus Officinalis
Remorini Turismo de Aventura
*O jornalista viajou a convite da Mauatur
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