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Por Jorge Massarolo


No coração do Brasil, ali no sul do Maranhão, já na divisa com Tocantins, existe um paraíso ainda pouco conhecido por quem procura turismo de aventura ou apenas contemplativo. É o Parque Nacional Chapada das Mesas, um pedaço desse país recheado de rios, cachoeiras e paredões de arenito vermelho-alaranjado que impressionam por sua beleza e imponência.

O parque é uma área de proteção ambiental que abrange 160 mil hectares de cerrado nos municípios de Carolina, Riachão, Estreito e Imperatriz, no Sudoeste do Maranhão. Este santuário ecológico, criado em 2005, mas que ainda não está finalizado pelo governo federal, abriga uma serra com quase 14 mil metros lineares de extensão, e altitudes que variam de 309 a 420 metros de altura.





Portal da Chapada, o atrativo mais fotografado da região, que é um recorte natural no paredão de arenito


A região oferece cenários lindíssimos como os pilares da Chapada, o Morro do Chapéu, a Serra da Kangalha, a Torre de Babel e as mesetas da Chapada, que são rochas esculpidas durante milhares de anos pelo vento e chuva lembrando enormes mesas de vários tamanhos e formatos.

A porta de entrada para esta reserva nacional é a simpática Carolina, com seus 25 mil habitantes, localizada cerca de 800 km de São Luís e a 220 km de Imperatriz. Somente no município foram catalogadas mais de 100 cachoeiras além de 400 nascentes, o que garantiu à cidade o apelido de “Paraíso das Águas”. Carolina é base para explorar outras atrações, como os lagos de cor azul turquesa, no município de Riachão, e a vizinha Filadélfia, já no estado de Tocantins, que oferece praias às margens do Rio Tocantins. 

Casas históricas na simpática cidade de Carolina






É por Carolina que começa nossa expedição de três dias pelas belezas da região. Na chegada à cidade, ainda na balsa que cruza o Rio Tocantins, os olhos se enchem com a belezas dos imensos platôs de arenito. Parece que você está entrando num cenário de filme de faroeste, só que aqui o verde cobre as mesas e mesetas.

Na simpática Carolina, nosso primeiro passo foi conhecer a história da cidade, fazendo uma visita ao museu local. Vale a pena saber a importância social, cultural e econômica que ela teve na colonização de toda a região. Um passeio pelo centro histórico da cidade também é imperdível, com suas casas coloniais e um povo bastante simpático.

No dia seguinte partimos cedo para a primeira aventura. A bordo de caminhonetes 4x4 fomos conhecer as cachoeiras da Aldeia do Leão e Dodô. Lugares magníficos, que oferecem banhos refrescantes em pequenas cachoeiras. Antes, porém, demos uma parada na propriedade do seu José Dorica, um sertanejo produtor de farinha d’água. Para quem nunca viu como se produz este ingrediente da gastronomia brasileira, vale a pena conhecer o processo.

Artesanato produzido na Vereda Bonita e na foto acima um passeio de barco por um braço do Rio Tocantins

Depois seguimos para a Estância Vereda Bonita, onde fomos recebidos pela equipe do casal Marcelo Assub Amaral e Valéria Petinari, paulistanos que largaram a agitada capital para viver em meio ao cerrado, onde praticam o turismo sustentável. Na propriedade, além de trilhas e práticas esportivas, o visitante tem aulas de educação ambiental com foco na preservação dos recursos naturais e sustentabilidade, pode remar em um braço do rio Tocantins, tomar banho de cachoeira e experimentar a saborosa comida preparada em fogão a lenha servida no local.

Cachoeiras
No dia seguinte nos empenhamos em uma aventura mais longa. Fomos conhecer as cachoeiras do Prata e São Romão, ambas no Rio Farinha, afluente do Tocantins, dentro da área do parque nacional. O trajeto até elas é longo, cerca de 80 quilômetros e boa parte deles em estrada arenosa, onde somente veículos 4x4 conseguem passar. E não se arrisque a ir sem guia autorizado, pois são várias as ramificações de estrada, e se perder é coisa bem fácil. Pelo caminho, encontramos umas três ou quatro casas de sertanejos e muitas formações rochosas bonitas. A vegetação oscilava entre o cerrado e a mata amazônica. É o que eles chamam de zona de transição.

As duas cachoeiras são majestosas. A da Prata leva o nome por causa dos reflexos do sol que deixam suas águas metalizadas. São Romão é mais volumosa e tem uma prainha na beira do rio, onde é possível tomar banho e se aproximar da queda d´água em um passeio de caiaque. Nas duas se pode praticar rappel e canionismo. Aproveite para um almoço típico no local. 


Cachoeiras da Prata (no alto) e São Romão: bonitas por natureza






Para o último dia ficou a parte mais interessante da viagem - para quem gosta de alturas. Partimos cedo para o Portal da Chapada, onde fica o atrativo mais fotografado da região, que é um recorte natural no alto de um dos paredões de arenito, que lembra o mapa do estado de Tocantins. É preciso subir um caminho arenoso até o portal. Por sua beleza, e estar próximo da rodovia, o local é bastante visitado. De lá é possível apreciar os Pilares da Chapada, o Morro do Chapéu, símbolo da chapada, e várias mesas e mesetas.

Morro do Chapéu, símbolo da Chapada das Mesas


Pilares da Chapada

José Emídio com sua poesia no Parque Terra d'Água


















Continuando nossa viagem, fizemos uma visita ao Parque Terra d'Água, onde o engenheiro José Emídio Albuquerque e Silva criou trilhas artísticas, pontuadas por painéis com poesias sob árvores no meio do cerrado. Um descanso poético na odisséia pela chapada.

O sol já estava quase sumindo atrás das montanhas quando chegamos ao Mirante da Chapada das Mesas, que explora o turismo ecológico e contemplativo e abriga uma serra, cujo topo, a 400 metros de altura, é alcançado por trilhas. Do alto se pode ver toda a região, as mesas, mesetas e fazer lindas fotos. Local perfeito para os turistas verem o sol nascer, ou se pôr. Muitos também preferem ir à noite para contemplar um lindo luar. Aliás, acabamos descendo a montanha guiados pelas lanternas dos celulares, pois a turma não queria mais sair deixar aquele belo visual. 



E por fim, na manhã do último dia, poucas horas antes de embarcar, resolvemos conhecer rapidamente as Cachoeiras de Itapecuru, também conhecidas como cachoeiras gêmeas, no povoado de São João das Cachoeiras, a 30 km do centro de Carolina. Outro espetáculo com boa infraestrutura para receber os visitantes, que passam o dia curtindo suas águas.



A Chapada das Mesas é relativamente longe do Sudeste, mas vale a pena conhecer por ser uma paisagem única no País e ainda estar “virgem” para o turismo. As opções de passeio são vastas, consulte as agências locais, monte seu roteiro com no mínimo cinco dias e tenha uma boa aventura.













Cachoeira do Santuário emociona no PEDRA CAÍDA









A 36 km do centro de Carolina, em direção a Imperatriz, fica o Complexo Turístico Pedra Caída, que dispõe de 230 leitos (apartamentos e chalés) e oferece 12 mil hectares de área para o turismo de aventura. São 26 quedas d’água, sendo que a principal delas é a Cachoeira do Santuário, um dos passeios mais emocionantes do roteiro. A água despenca de uma altura de 46 metros no fundo de um cânion. 


Outra aventura emocionante é uma viagem por tirolesas. Uma delas tem 1.400 metros de comprimento, fica a 392 metros de altura (e leva o sugestivo nome de tirolesa do desespero). A segunda tirolesa tem 1.200 metros e o conveniente nome de tirolesa do pânico. As duas podem ser acessadas por uma trilha montanha acima ou então por uma viagem de 22 minutos a bordo de um teleférico.

O esforço vale, pois no alto da montanha, além da bela visão panorâmica do vale, fica também um portal holístico na forma de uma pirâmide de vidro com dois andares, em cujo teto está preso um cristal com quase 200 quilos. Pura energia. O visual é surpreendente e faz o turista não querer sair mais dali.




Carolina: nome homenageia esposa de D. Pedro I

O município de Carolina foi fundado em 1809 com o nome de Arraial de São Pedro de Alcântara, e em 1859 foi emancipado com o nome de Carolina, em homenagem à Princesa Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil, que se chamava Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, esposa de D. Pedro I. O município vive da pecuária e do turismo.

A cidade possui inúmeras pousadas e hotéis e oferece 2 mil leitos a turistas. No ano passado recebeu 66 mil hóspedes, segundo o secretário municipal de Turismo Leonardus Borges. A maior parte, é da região norte do País, especialmente do Pará. O Sudeste responde por apenas 5% do total de visitantes. “Estamos trabalhando para que os turistas tenham uma estadia agradável e repleta de emoções”, diz Borges.






Veja mais algumas sugestões de passeios: 

Morro do Chapéu – É a mais emblemática meseta e o ponto mais alto da Chapada. Diz a lenda que o morro era o principal local dos ritos indígenas no passado. O trekking até o Morro do Chapéu é uma subida de 365m em rocha arenítica e, portanto, exige preparo físico e habilidade dos praticantes. 

Balneário Encontro das Águas – Experiência que une natureza, com banhos e atividades em trilha interpretativa, e a hospitalidade típica do sertanejo. O projeto foi idealizado pelo casal Benedito e Maria de Jesus, que sabe como ninguém preparar os pratos mais tradicionais da região, como a galinha caipira, que é criada na propriedade.

Refúgio Ecológico Serra Torre da Lua – Refúgio para animais silvestres em seus extensos campos cerrados, matas de galeria, encostas íngremes, com diversas nascentes de rios perenes. Para quem busca o contato puro com a natureza. Ideal para trilhas interpretativas, escaladas, caminhadas, banho de rios e cachoeiras.

Morro das Figuras
 - O entorno do parque oferece diversos atrativos, como o trekking até o Morro das Figuras, com inscrições rupestres e as trilhas ecológicas como a que leva até o Morro do Chapéu. 


Onde ficar

Pousada do Lajeswww.pousadadolajes, tel. (99) 35312452 ou (99) 981220270
Hotel Rilton - www.hotelrilton.com, tel (99) 35312824
New Center Hotelwww.newcenterhotel.com.br, tel (99) 35312875 e (99) 991945571
Rocha´s Pousada – contato@rochaspousada.com.br, tel. 99-35313864, 981356316 e 981883000
Pousada Filhos da Água – Avenida Getúlio Vargas 1084, tel (99) 3531-2060




Onde comer

Pizzaria Tio Pepe -
Especializada em pizzas e grelhados. Praça José Alcides de Carvalho, 236.
Espaço Gourmet – Cardápio é baseado em saborosas massas. Em algumas noites tem música ao vivo. Praça José Alcides de Carvalho.
Mocotozin - Serve comida regional, como a Maria Isabel (arroz com carne de sol picada bem miudinha) e uma deliciosa linguiça caseira. Rua Justiniano Coelho, 567.





Quem leva

Cia do Cerrado Ecoturismo - Primeira empresa de ecoturismo da Chapada das Mesas com conhecimento de fauna, flora e cultura local. E-mail contato@ciadocerrado.com.br, fones (99) 35313222 e (99) 981220317.
Vereda Adventure – Voltada para práticas de turismo sustentável. E-mail contato@veredaadventure.com.br, fones (99) 98115-4463
Torre da Lua Ecoturismo - www.torredalua.com.br, gerencia@torredalua.com.br, fones (99) 35312166, 981695190 e 991553003
Zeca Tur Turismo – site www.agenciazecatur.com.br, e-mail zecatur02@hotmail.com, fones (99) 3531-2059, 98124-8644, 99167-9902 (WhatsApp)
Guia de Turismo Ecológico Renilton – (99) 92127277 (WhatsApp)



Como chegar

A Passaredo tem voos diários partindo de Guarulhos até a cidade de Araguaína (TO). De lá são duas horas de traslado até Carolina (MA). www.voepassaredo.com.br



O jornalista do jornal Correio Popular viajou a convite da Passaredo Linhas Aéreas e da Secretaria de Turismo de Carolina.



3 comentários:

  1. parabéns ótima matéria realmente o mirante da chapada das mesas tem um excelente trek com as mais belas paisagem do sul do maranhão

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  2. Obrigado, mas a Chapada e seu povo simpático são a grande fonte de inspiração. obrigado pela cordialidade

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  3. Sou morador de Carolina e venho percebido que algumas pessoas tem feitos coméntarios e reclamações sobre a dificuldade de encontrar alternativas as agências mais tradicionais.
    Agência Chapada das Mesas

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