Aproveito o espaço desta semana para relatar uma viagem realizada a bordo de minha moto CB 450 ano 1991, de Brasília (DF) a Campinas (SP), uma trajetória emocionante de 1000 quilômetros pelo centro deste Brasil gigante.
Parti
de Brasília no final de tarde de uma chuvosa sexta-feira, após uma
emocionante festa de despedida de amigos. Coloquei duas bolsas de
couro laterais,
prendi uma mochila em cima do banco e com o sol se pondo no horizonte
dei tchau à terra de muita luz.
Pé
na estrada. Muito
trânsito na
saída de Brasília com gente na pista e um frio danado. Alguns
quilômetros antes de Cristalina (nesta cidade os cristais brotam da
terra, daí a razão nome) começou a chover. Encharcado, parei para
abastecer na entrada da cidade e percebi que tinha feito pouco mais
de 120 quilômetros. Muito pouco para quem tinha mais 900 quilômetros
pela frente.
Falei
com um motorista que
vinha de Catalão e ele disse que a estrada estava seca e o céu
estrelado. Olhei para o hotel logo em frente e fiquei em
dúvida, mas resolvi arriscar. Até Catalão eram mais 180 km. Fui em
frente. Na saída de Cristalina a estrada estava molhada mas não
chovia. Continuei e como por encanto o céu se abriu e a estrada
secou.
Abri o gás e mantive uma velocidade de 120Km/h, aproveitando
a luminosidade dos carros e rezando a Deus para não aparecer nenhum
bicho ou a moto quebrar naquele deserto. Mas um morcego desavisado
não entendeu o recado e deu
um baita susto ao bater de raspão no capacete, causando
um forte barulho. Foi só.
Às 22 horas parei no posto JK, logo na entrada da cidade de Catalão,
cidade onde fica a fábrica da Nissan. Agora tinha percorrido 300 km.
Só faltavam 700 até em casa. Pensei em rodar mais 70 até Araguari,
mas achei que estava abusando da sorte, pois o trecho é sinuoso e
esburacado. A ligação providencial da minha mulher no celular fez
com que eu pernoitasse no Hotel Catalão.
Às
7 da manhã de sábado já estava na estrada. O dia começou
bonito, com o sol despontando e muito frio. Sábia decisão ter
pernoitado. A estrada era ruim, com muito caminhão, serra e até
neblina. Além disso, a gasolina ruim baixou o rendimento da
moto.
Pouco antes das 9 horas parei em Uberlândia, abasteci e conferi os gastos. Alonguei os músculos e fui embora. Estrada, carro, caminhão, buraco, alguns motociclistas no sentido oposto e algumas CGs deixadas para trás. A gasolina estava melhor e a CB roncava bonitinho.
Pouco antes das 9 horas parei em Uberlândia, abasteci e conferi os gastos. Alonguei os músculos e fui embora. Estrada, carro, caminhão, buraco, alguns motociclistas no sentido oposto e algumas CGs deixadas para trás. A gasolina estava melhor e a CB roncava bonitinho.
Passei
Uberaba e resolvi parar num posto logo adiante. Estava me sentindo
incrivelmente cansado, com sono. Parei, tomei café, coca, comi
chocolate, caminhei, abasteci de novo (17 Km/l) e fui embora.
Parada
Parada
Alguns
quilômetros depois
deu uma vontade danada de fazer urinar. Decidi que só pararia numa
sombra gostosa. O sol estava forte e o calor fazia suar. Rodei,
rodei, rodei e nada de encontrar a tal sombra. Cem quilômetros
depois, já próximo de Ribeirão Preto, com a bexiga quase
estourando, encontrei uma sombra gostosa. Parei, esvaziei, curti
a sombra,
estiquei os músculos de novo, tireis alguns agasalhos e fui
embora.
Uns
20
quilômetros depois de Ribeirão Preto vejo um colega motociclista
parado na beira da estrada. Paro também. Aliás, a solidariedade de
motociclistas é algo impressionante. O motociclista era
carioca e fazia
parte do MC Abutres. Esteve em Palmas, Goiânia, Brasília e estava
indo para o Rio.
Sob
um sol
a pino, peças da moto pelo chão, conta que estourou o eixo cardã.
Pior, na noite anterior tinha estourado o rolamento da roda.
Conversamos um pouco e como pouco podia fazer, parti em busca de um
guincho para o resgate.
Ao
meio-dia paro para almoçar em Porto Ferreira. Faltam menos de 150
quilômetros para casa. A ansiedade para chegar é grande e é nesta
hora que se deve parar e relaxar para evitar acidentes.
Estrada
boa, máquina respondendo direitinho e às 15
horas em ponto chego em casa, para alegria da minha família, que me
aguardava ansiosa.
Minha mulher me beija sorridente e as crianças
pulam no meu colo. Agradeço a Deus por ter esta família e por ter
feito esta viagem maravilhosa.
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